A Torre das Encantadas

Torre das Encantadas (foto de Santiago Cabello)

Torre das Encantadas (foto de Santiago Cabello)

Existe um povoado na província de Saragoça, na Comunidade Autônoma de Aragão, Espanha, chamado Sabiñán. Próximo a este povoado encontra-se um torreão, conhecido como Torre das Encantadas. A Torre fica a uns 3 kms do pueblo, no alto de uma elevação, podendo ser vista da estrada.

Esta torre é um tanto especial, podemos mesmo dizer, quase única. É uma construção militar em estilo Mudejar do século XIV ou XV, uma das raras construções militares neste estilo ainda existentes. A torre tem forma retangular, tendo 11,6 m por 8,5 m. Em um de seus lados, que dá para o sul, não tem qualquer janela. Dentro dela existiram ao menos dois andares, hoje inexistentes, dos quais se pode ter alguma idéia pelo que sobra do andar térreo. Para subir ao andar superior, seguia-se por uma escada feita embutida no muro do lado oriental da torre, acessível por uma espécie de vestíbulo ligado à entrada principal. Na entrada há um arco pontiagudo que ainda pode ser notado no que resta da pequena torre.

Como foi dito, a Torre das Encantadas é em estilo Mudejar. Durante um período que vai do século XII até o XVII, existiu na Espanha um estilo de arte, caracterizado pela influência muçulmana, mesclada a outros estilos europeus da época, como o Gótico. Estas construções, decorações, pinturas ou mesmo literatura receberam o nome de Mudejar, que quer dizer domesticado. Os muçulmanos, após a conquista dos territórios onde viviam, tinham permissão para continuarem vivendo no mesmo local, seguindo com sua religião, idioma, etc. Este estilo arquitetônico/artístico é único da Península Ibérica, não se repetindo em mais nenhum lugar do mundo. O estilo Mudejar Aragonês foi declarado Patrimônio da Humanidade, pela UNESCO no ano de 2001, incluindo esta torre.

dscn4573Tudo que envolve a Torre das Encantadas é um mistério. Pela época em que foi construída dificilmente pertenceu a algum senhor muçulmano como afirma a lenda, sendo provável ter pertencido mesmo a um senhor cristão. Por suas dimensões não era uma torre secundária, subordinada a outra, sendo provavelmente uma casa senhorial fortificada o que também pode-se supor pelos vestígios que restam de seu interior. Próximo a ela existe uma outra construção cuja função é desconhecida mas por sua localização e dimensões, provavelmente serviria de dispensa para a torre. Apesar de hoje ser conhecida também como Castelo de Sabiñán, por sua localização não foi o castelo desta localidade, mas sim de outra localizada no vale que circunda a torre, cujo nome é desconhecido, mas supõe-se que um dia existiu. Por estes motivos, muito dificilmente a lenda das Encantadas tenha algum fundo de verdade histórica, sendo provavelmente uma alegoria com a intenção de talvez dar algum significado para a torre cujo passado era desconhecido para os moradores das redondezas ou, quem sabe, transmitir algum valor moral, ou também, por pura diversão, em um tempo que as histórias fantásticas como esta preenchiam as horas noturnas. Mais uma razão para duvidar-se de algum fundo de verdade histórica é o fato de a lenda ser localizada no tempo como tendo os fatos ocorrido em 1270, sendo que por volta de 1120 a região já era dominada pelos cristãos, não havendo nenhuma possibilidade de um muçulmano ter um senhorio nestes tempos.

São realizadas excursões para a Torre das Encantadas todas as noites de São João (23 de junho), onde se pode bebericar e mordiscar um lanchinho, e ouvir a lenda no próprio local dos feitos narrados.

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A TORRE DAS ENCANTADAS

torreonsabinan00Conta-se que o pequeno forte conhecido como Torre das Encantadas era a residência de um mouro, Abben Xumanda, pai de três moças de uma beleza ímpar. Por isto não as deixava sair dali, temendo que alguém pudesse levá-las. As moças nos momentos de tédio por não poderem sair da torre, aproximavam-se de uma janela que dava para o campo. Por esta janela comtemplavam uma pequena fonte que brotava mesmo ali, formando um minúsculo lago que servia como espelho perfeito.

Três cavaleiros cristãos as observavam todos os dias. Quando foram descobertos por elas, apresentaram-se. As visitas começaram a ser mais frequentes, aproveitando as muitas ausências do pai das moças, até que surgiu o amor entre os três casais. Então, elas elaboraram um plano para estarem mais próximas de seus amados, enganando o pai.

Fizeram uma escada para estendê-la através da janela, durante a noite, com a finalidade de que eles pudessem subir. E assim foi durante algum tempo, até que o ciumento pai descubriu a traição das filhas.

Uma noite, acompanhado de vários de seus homens, esperou ao pé da escada aos três cavaleiros cristãos, e assim que desceram de seus cavalos rapidamente cortou a cabeça a cada um com uma cimitarra. As três moças, apaixonadas, atiraram-se da janela, morrendo também.

Dizem que até os dias de hoje, quando chega a noite de São João, três pombas descem à pequena fonte, fundindo-se com as estrelas.

Tradução livre da versão encontrada em: Sabinius

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Para saber mais sobre a Torre das Encantadas veja:

Turismo de Zaragoza

Castillos de Aragón

Os diferentes estilos dos Hórreos

Hoje terminamos a saga dos hórreos que começamos há dois domingos. Os outros posts foram Descobrindo os hórreos e As possíveis origens dos hórreos. No post de hoje falamos brevemente dos diferentes estilos de hórreos que se pode encontrar pela Península Ibérica, considerando apenas os principais estilos.

Há diferentes tipos de hórreos, uns tão diferentes dos outros que podem até parecer que não são a mesma coisa. Existem dois grupos principais nos quais os hórreos podem ser divididos. Vamos a eles:

Hórreos em estilo Galaico-Português:

Hórreo galego no Parque Santa Margarita, La Coruña.

Hórreo galego no Parque Santa Margarita, La Coruña.

Estes hórreos, que na Espanha são chamados apenas de hórreos galegos, são predominantemente retangulares. Os materiais empregados variam conforme a zona onde se encontram. São bem comuns na Galícia Ocidental e norte de Portugal hórreos feitos totalmente de pedra (granito), desde as colunas até as paredes – inclusive as partes fendadas para ventilação. O telhado pode variar sendo comum os de telha ou pedra (xisto, chamado em Portugal também de lousa). São principalmente utilizados para armazenagem de espigas de milho ou batatas. Estes hórreos podem estar junto às casas de seus proprietários como podem estar em locais onde há um conjunto de hórreos que servem a uma comunidade.

As partes que o constituem são a caixa, onde o produto é armazenado; a porta de acesso; as paredes fendadas, que permitem a ventilação para secagem do produto armazenado, mas estreitas o suficiente para evitar a entrada de insetos; os pilares que o sustentam elevado do solo, que variam de número conforme o comprimento do hórreo; sobre os pilares ficam pedras redondas que servem para evitar que ratos subam até o armazém (estas pedras na Espanha são chamadas de tornaratas); uma espécie de apoio onde se pode encaixar a escada ou rampa que se utilize para ligar a escada à porta; a escada e o telhado.

Há mais detalhes que podem existir em alguns hórreos como o corta-formigas, uma pequena zona onde a água acumula-se e impede a passagem de formigas. Nem todos os hórreos têm enfeites, mas é frequente ver cruzes ou símbolos associados à fertilidade adornando a parte superior das paredes mais estreitas do hórreo.

Mas esta é uma descrição básica do tipo mais comum que se pode encontrar. Na Galícia a quantidade de hórreos é grande, é onde mais existem hórreos, e também é onde há uma maior variedade de estilos (veja indicação de livro sobre o tema no final do post). Veja no vídeo abaixo a grande variedade que pode existir nos hórreos encontrados na Galícia – e por extensão no norte de Portugal.

Hórreos em estilo Asturiano:

Hórreo asturiano

Hórreo asturiano

Os hórreos em estilo asturiano não são exclusivos do Principado de Astúrias, também são encontrados na Cantábria e León. O formato é sempre quadrangular, sendo predominantemente construídos em madeira (castanheira e carvalho).

Suas partes são basicamente as mesmas dos hórreos em estilo galaico-português. Possuem de diferente uma área externa à caixa (área de armazenagem) que também é utilizada para secagem e armazenagem de produtos agrícolas, o corredor, sendo este uma introdução mais recente. Esta área está presente em muitos dos hórreos em estilo asturiano, sendo que os que não a possuem têm colunas transversais em seu lugar para sustentar o telhado que terminaria sobre esta espécie de corredor, formando uma varanda coberta. Assim como os hórreos galaico-portugueses os asturianos possuem aberturas em suas paredes para ventilação, mas estas aberturas estão mais para pequenas janelas do que fendas. Há uma orientação certa para seu posicionamento, normalmente sendo voltados para o leste ou para o sul, pois os ventos e chuvas no meses mais frios são mais intensos vindos do norte e oeste.

Dentro deste estilo também há subdivisões, podendo-se encontrar uma pequena variação de estilos entre os hórreos asturianos, mas isto não significa variação da forma que é sempre quadrada. Podem ser encontradas construções retangulares que se parecem a hórreos asturianos, mas não são. Os hórreos clássicos são sempre sustentados por quatro colunas e quadrados. Se são retangulares e sustentados por mais colunas tornam-se uma outra construção chamada de panera. Os corredores citados como parte componente de muitos hórreos asturianos aparecem em todas as paneras, havendo a afirmação que na verdade era um elemento das paneras que foi transportado para os hórreos. Outra variante que adquiriram com o tempo foi a de serem construídos sobre outras construções, ou terem a parte inferior fechada. Nestes casos podem até ser chamados de hórreos mas não são os clássicos hórreos considerados de interesse cultural e protegidos por lei.

O vídeo que se segue mostra um conjunto de hórreos em estilo asturiano, em Villaviciosa, Astúrias. Não é nenhuma obra de arte cinematográfica mas dá uma idéia excelente das dimensões e formato de um hórreo asturiano. Não esqueçam que esta construção de considerável tamanho é montável e desmontável como se fosse um quebra-cabeças.

Hórreo navarro, no vale de Aezcoa, Navarra.

Hórreo navarro, no vale de Aezcoa, Navarra.

Além dos dois estilos citados existem hórreos em Navarra que se pode considerar como de um estilo à parte. O que acontece é que estes hórreos são muito poucos, existindo apenas cerca de 22 catalogados e todos com uma certa antigüidade. No País Basco também se pode encontrar alguns raros exemplares neste mesmo estilo.

Este hórreos são construídos totalmente em pedra, excetuando algumas vigas de sustentação. Mas como os demais, possui escada separada da construção (móvel ou não), aberturas para ventilação e são elevados do solo, tendo a mesma função dos outros hórreos.

No vídeo a seguir é possível ter uma idéia destes raros hórreos navarros. O vídeo está todo em espanhol, mas ainda que seu espanhol não seja dos melhores assista pelas imagens que são suficientes para se ter uma boa idéia deste tipo de hórreo.

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Martínez Rodríguez, Ignacio – El Hórreo Gallego , Fundación Pedro Barrié de la Maza

El Hórreo Asturiano (em espanhol)

Hórreos y Paneras (em espanhol)

Veja também os dois vídeos a seguir, que são uma reportagem da televisão portuguesa RTP1 sobre hórreos, neste caso canastros, portugueses.

1ª parte2ª parte

Volver

volver00Volver é um verbo em espanhol cujo equivalente em português é Voltar. Mas o título do filme não foi traduzido para o português, continuando a chamar-se Volver nos países de língua portuguesa. Volver é um dos últimos filmes de Pedro Almodóvar, que estreou nos cinemas espanhóis em 2006. Além da direção Almodóvar também é responsável pelo roteiro. É um drama com toques de comédia. Ou seria uma comédia com toques de drama? Digamos que filme de Almodóvar nunca pode ser classificado em apenas uma categoria pois, normalmente, a riqueza da história não permite uma classificação limitada dentro dos parâmetros tradicionais.

O filme – mais uma vez em filmes de Almodóvar – fala dos dramas pessoais de mulheres. São três gerações de mulheres sobreviventes às adversidades da vida, que enfrentam tudo com muita garra. Raimunda (Penélope Cruz) é casada com um desempregado e tem uma filha adolescente (Yohana Cobo). A vida de Raimunda não é fácil, tendo que ter vários empregos para sustentar sua família. Com esta vida difícil mostra-se forte e decidida, mas emocionalmente é frágil.

A irmã de Raimunda é Sole (Lola Dueñas) que trabalha como cabelereira. Ela foi abandonada pelo marido e, desde então, vive só. Um dia Sole liga para Raimunda avisando da morte de uma tia, Paula (Chus Lampreave), que vivia na aldeia da qual eram. Apesar de Raimunda adorar a tia não pode ir ao enterro, pois tinha acabado de descobrir o marido morto a facada na cozinha de casa. Sua filha o havia assassinado dizendo que foi em legítima defesa por ele tentar molestá-la.

Sole segue sozinha para a aldeia, onde houve rumores das outras mulheres de que sua mãe havia voltado dos mortos. A mãe das duas é Irene (Carmen Maura) que morreu em um incêndio junto com o marido. Pelo que dizem as vizinhas ela teria voltado para cuidar da irmã Paula em seus últimos anos de vida. Elas falam do fantasma com muita naturalidade. Sole volta para Madri e, ao estacionar o carro, ouve um barulho vindo do porta-malas. Ao abrí-lo encontra o fantasma de sua mãe em meio às malas. Ao invés de ter medo e sair correndo, Sole começa a conviver todo o tempo com o fantasma, inclusive enquanto trabalha. Ao mesmo tempo Raimunda não revela a ninguém sobre a morte do marido, dizendo apenas que ele a abandonou e acredita que não voltará. Mas na verdade está tentando livrar-se do cadáver. As duas irmãs, Sole e Raimunda, seguem tentando sobreviver acompanhadas de seus “fantasmas”. Mas Raimunda ainda terá seu encontro com o fantasma da mãe, que tinha assuntos pendentes com a filha e uma vizinha da aldeia chamada Agustina (Blanca Portillo).

O fantasma de Irene (Carmen Maura) abraçada à filha Raimunda (Penélope Cruz).

O fantasma de Irene (Carmen Maura) abraçada à filha Raimunda (Penélope Cruz).

Segundo o próprio Almodóvar, a maneira como vivos e mortos se relacionam em Volver provoca situações hilariantes de grande e genuína emoção. A intenção é mostrar a relação com a morte de forma tranqüila, com naturalidade. Outra característica a destacar é a forma como as mulheres comuns muitas vezes solucionam ou adiam seus problemas, com mentiras e estratégias para escondê-los. É uma forma de mostrar como o engenho feminino encontra saídas para seus problemas em uma realidade dura, na qual muitas vezess o único recurso é mentir ou esconder.

Mais uma coisa a destacar são os rituais entre as mulheres comuns retratados por Almodóvar, a forma como se cumprimentam, como se enfeitam, como se relacionam, enfim, todo um conjunto de códigos que caracterizam não apenas a cultura na qual estão inseridas como a classe social à qual pertencem. De fato, em todos os filmes de Almodóvar podemos ver como ele define seus personagens não apenas pela imagem individual como também por todo um conjunto de elementos nos quais estão imersos.

Teve uma indicação ao Oscar, de melhor atriz (Penélope Cruz). O filme ganhou vários Goya, de melhor filme, melhor diretor, melhor atriz, melhor atriz coadjuvante e melhor música original, sem contar as indicações. No Festival de Cannes também ganhou três prêmios, o de melhor interpretação feminina ao conjunto das atrizes, melhor roteiro (do próprio Almodóvar) e o prêmio dos críticos.

Fique com o trailer de mais este delírio colorido de Almodóvar. Não achei legendado. Treine o espanhol!

Coração Magoado (Solenostemon)

coleus00Não! Não estou deprê, não! É que um dos nomes populares da planta de hoje é este: Coração Magoado.

Coração Magoado é o nome popular de inúmeras plantas apreciadas por suas folhagens, também conhecidas como Cóleu ou Cóleus. Não é apenas uma planta mas todo um gênero de plantas conhecidas por este nome, existindo cerca de 41 espécies classificadas no gênero Solenostemon. Em espanhol é chamada de Gitana e Coleo. Em inglês é chamada de Coleus.

A maioria das espécies de Coração Magoado são originárias do sul da Ásia (Malásia, Filipinas), mas algumas espécies são originárias da África Tropical (Etiópia).

Chega a 90 cm de altura, dependendo da variedade, e algumas podem atingir os 2 metros. É uma planta herbácea de folhas muito coloridas. As folhas são grandes, macias ao toque, com um colorido bem diversificado. Entre as cores predominantes nesta folhagem estão o amarelo, vermelho, rosa, roxo, verde e marrom. As folhas sempre apresentam mais de uma destas cores, ou um degradê entre uma e outra cor. As variedades que apresentam coloração vermelha ou arroxeada precisam de mais horas de sol para terem estas cores intensificadas. Quanto menos horas de sol receber mais verde será sua coloração. Isto mesmo, uma mesma planta pode ter coloração diferente dependendo da quantidade de luz solar que recebe. As folhas podem variar de formato e tamanho, mas sempre lembram o formato de um coração. Podem ser terminadas dentadas, onduladas, lisas ou de formas irregulares. Os caules são moles e grossos, com formato quadrangular. Quando a planta já é mais velha, estes caules endurecem ganhando um aspecto de madeira.

As flores aparecem agrupadas, formando uma espécie de espiga, podendo surgir o ano todo. A coloração, assim como as folhas, é variada, sendo rosas, brancas ou azuis. Não são muito atraentes, não tendo grande valor paisagístico. As sementes são muito pequenas, sendo que em 1 g de sementes podem existir até 4000 unidades.

Tem ciclo de vida perene, mas em paisagismo é cultivada como planta bianual por ganhar um aspecto pouco interessante neste período por ter um grande crescimento vertical, dando-lhe um aspecto espigado. Em locais de clima mais frio este tempo de vida útil diminui, já que não resiste bem ao frio, sendo cultivada como planta anual.

No paisagismo pode ter diversos usos, como formar maciços coloridos ou bordaduras, decoração de jardineiras ou vasos. Em lugares de clima quente podem ser utilizadas como plantas de exterior e interior, mas em climas mais frios é conveniente tê-las como planta de interior, por ser sensível ao frio.

Apesar de não exigir podas regulares para ter uma boa saúde, dependendo da utilização dada à planta necessita de podas regulares para manter-se compacta e com mais folhas.

Pode ser cultivada sob sol pleno ou à meia sombra, sendo que sua coloração pode variar dependendo da inscidência de luz que recebe. A terra deve ser rica em matéria orgânica, bem drenada e soltinha. As regas devem ser regulares, necessitando de mais regas nos meses secos e, principalmente, quando estão em fase de crescimento e floração. Como a planta é tolerante a climas secos, pode-se recorrer a uma ajuda da própria planta para saber quando regá-la. Quando a planta necessita de água suas folhas murcham, deixando evidente sua necessidade de água, bastando regá-la para se recomporem. Procure regar com água à temperatura ambiente.

Devem ficar em local ventilado, mas nunca com ventos, que podem quebrá-las com facilidade. A adubação deve ser feita de 15 em 15 dias. É uma planta de clima tropical, tolerando climas mais secos, mas não temperaturas inferiores a 13ºC. As geadas não são toleradas pela planta, razão pela qual é cultivada como anual em climas mais frios, pois normalmente morrem nos meses mais frios.

Caso não tenha interesse na produção de sementes e nem aprecie tanto assim as flores, é recomendável que logo que surja a espiga onde elas aparecerão, esta seja eliminada. Sem as flores a planta tem mais energia para produzir mais folhas.

Os ramos que crescerem demasiado podem ser cortados para dar origem a uma nova planta. Caso queira reproduzi-la desta forma, na reprodução por estaquia, coloque o ramo em um recipiente com água. Depois de uns 10 dias começam a surgir raízes. Então, quando elas já forem abundantes, é só plantar em terra com bastante matéria orgânica. A multiplicação também pode ser feita por sementes, que são bem reduzidas e não devem ser enterradas, apenas postas sobre a terra e cobertas com uma fina camada de terra apenas para que não sejam levadas pelo vento ou deslocadas nas regas.

Como já disse aqui antes, nem tudo são flores, neste caso, nem tudo são folhas coloridas. O Coração Magoado pode ter alguns problemas se cultivado de forma errada. Caso a planta fique desfolhada com apenas um grupo de folhas na ponta é porque precisa de adubação urgente. Quando atingem uma certa altura é frequente que os caules se quebrem. Isto acontece principalmente se ficam em ambientes quentes e recebem regas demasiadas, mas também pode ser resultado da ação dos ventos. Para evitar a quebra pode-se fazer uma poda, para que cresçam novos ramos, mais grossos e resistentes. As folhas com mal aspecto ou doentes devem ser retiradas. Novas folhas surgirão.

Pode ser atacada por ácaros, moscas brancas, moluscos e pulgões, que podem comer as folhas. Os moluscos devem ser eliminados manualmente. Pode-se utilizar inseticida comum para eliminar as pragas, pois não afetam a planta. Só são atacados por fungos quando estão em ambientes muito mal ventilados e com excesso de umidade. Em caso de infestação de fungos o mais prático mesmo, para jardineiros amadores como eu e você que lê este post, é eliminar a planta e não o fungo.

Confira agora uma pequena amostra da grande variedade de cores que as folhas de Coração Magoado podem ter (clique nas imagens para ampliá-las).

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Fontes:

Cultivando

Jardin La Enciclopedia

Jardineironet

Villor

Wikimedia (imagens)

Queijada da Vila de Rei

Centro Geodésico de Portugal, localizado a menos de 2 km da sede do concelho de Vila de Rei.

Centro Geodésico de Portugal, localizado a menos de 2 km da sede do concelho de Vila de Rei.

Vila de Rei é um concelho do distrito de Castelo Branco, aqui em Portugal. Ao que se sabe é ocupada desde tempos remotos, tendo passado por lá povos celtas e romanos. Já no século XX teve parte de seu território inundado devido à construção da Barragem do Castelo do Bode, que inundou as melhores terras para a agricultura do concelho. Cerca de 80% da área florestal do concelho foi destruída em violentos incêndios florestais, nos anos de 1986 e 2003. Restam cerca de 4000 habitantes que ainda sobrevivem neste fim de mundo bucólico nos limites do distrito.

No ano de 2006, a presidente da câmara (equivalente a prefeita) resolveu trazer algumas famílias da cidade de Maringá, no Paraná, para promover o crescimento populacional do concelho que está se desertificando com uma diminuição significativa de sua população. Não deu certo a coisa, teve protestos contra a vinda destes imigrantes, as condições prometidas pela presidente da câmara não eram as que foram oferecidas aos imigrantes, enfim, desandou.

Mas nem tudo é ruim nesta terra, que até tem lá seus atrativos naturais e alguns monumentos históricos que estimulam o turismo para a região. E além disso, têm uma boa queijada! Hoje a queijada é de Vila de Rei, terra meio que abandonada por Deus, nos confins deste pequenino país no fim ocidental da Europa.

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QUEIJADAS DE VILA DE REI

(adaptada de Gastronomias)

Ingredientes:

750 g de queijo fresco
1 e 1/4 de xícara (chá) de açúcar
6 ovos inteiros
1 colher (chá) de canela em pó
manteiga para untar

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Modo de Preparo:

Amasse o queijo com o auxílio de um garfo até que fique parecendo com ricota. Junte o açúcar e os ovos previamente batidos, misturando muito bem com as mãos. Mas caso não queira sujar as mãozinhas pode usar uma batedeira. Acrescente canela em pó e misture bem. Continue mexendo até que esta mistura fique cremosa e homogênea. Unte uma fôrma baixa ou assadeira, coloque a mistura e asse em forno previamente aquecido até que fique dourada por cima.

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Para saber mais sobre Vila de Rei veja:

Câmara Municipal de Vila de Rei – História

Saber Sapo – Vila de Rei

Para saber sobre os brasileiros em Vila de Rei veja:

Segundo Andamento

Carta Aberta para Renato Aragão, de Eliane Sinhasique

Vi esta carta em vários blogs por aí. Gostei do que li, se é sincero ou não sei lá. Mas como estou de acordo com o que a carta diz, reproduzo aqui o que já está reproduzido em trocentos blogs por aí. Mas antes de republicar procurei saber se ao menos a pessoa existia de verdade. Parece que existe sim! Eliane Sinhasique é do Acre, mãe de dois filhos, é jornalista, radialista, publicitária e mais algumas coisas como consta no blog e Twitter dela. Aqui está o link para o Blog da Eliane Sinhasique. E aqui é o Twitter dela. No blog dela tem a carta também, link direto aqui, de onde fizemos a velha prática de copiar e colar para republicar a carta, acrescentando algumas fotinhos. Além destes links já citados também tem um artigo que fala sobre ela no Página 20. Aqui é o link para a rádio onde ela é locutora, Gazeta FM 93,3, no estado do Acre.

A carta, que completou dois anos por estes dias, é uma resposta ao apelo de Renato Aragão, solicitando doação para o Criança Esperança. Apesar de já terem se passado dois anos algo me diz que, mesmo que fossem 20 ainda seria bem atual o tema. Vamos lá à carta!

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CARTA ABERTA PARA RENATO ARAGÃO

Rio Branco, Ac – 23 de agosto de 2007

Querido Didi,

didiHá alguns meses você vem me escrevendo pedindo uma doação mensal para enfrentar alguns problemas que comprometem o presente e o futuro de muitas crianças brasileiras. Eu não respondi aos seus apelos (apesar de ter gostado do lápis e das etiquetas com meu nome para colar nas correspondências). Achei que as cartas não deveriam sem endereçadas à mim. Agora, novamente, você me escreve preocupado por eu não ter atendido as suas solicitações. Diante de sua insistência, me senti na obrigação de parar tudo e te escrever uma resposta.

Não foi por “algum” motivo que não fiz a doação em dinheiro solicitada por você. São vários os motivos que me levam a não participar de sua campanha altruísta (se eu quisesse poderia escrever umas dez páginas sobre esses motivos). Você diz, em sua última carta, que enquanto eu a estivesse lendo, uma criança estaria perdendo a chance de se desenvolver e aprender pela falta de investimentos em sua formação.

Didi, não tente me fazer sentir culpada. Essa jogada publicitária eu conheço muito bem. Esse tipo de texto apelativo pode funcionar com muitas pessoas mas, comigo não. Eu não sou ministra da educação, não ordeno as despesas das escolas e nem posso obrigar o filho do vizinho a freqüentar as salas de aula. A minha parte eu já venho fazendo desde os 11 anos quando comecei a trabalhar na roça para ajudar meus pais no sustento da família. Trabalhei muito e, te garanto, trabalho não mata ninguém. Estudei na escola da zona rural, fiz supletivo, estudei à distância e muito antes de ser jornalista e publicitária eu já era uma micro empresária. Didi, talvez você não tenha noção do quanto o Governo Federal tira do nosso suor para manter a saúde, a educação, a segurança e tudo o mais que o povo brasileiro precisa. Os impostos são muito altos! Sem falar dos impostos embutidos em cada alimento, em cada produto que preciso comprar para minha família.

Eu já pago pela educação duas vezes: pago pela educação na escola pública, através dos impostos, e na escola particular, mensalmente, porque a escola pública não atende com o ensino de qualidade que, acredito, meus dois filhos merecem. Não acho louvável recorrer à sociedade para resolver um problema que nem deveria existir pelo volume de dinheiro arrecadado em nome da educação e de tantos outros problemas sociais. O que está acontecendo, meu caro Didi, é que os administradores, dessa dinheirama toda, não tem a educação como prioridade. O dinheiro está saindo pelo ralo, estão jogando fora, ou aplicando muito mal. Para você ter uma idéia, na minha cidade, cada alimentação de um presidiário custa para os cofres públicos R$ 3,82 (três reais e oitenta e dois centavos) enquanto que a merenda de uma criança na escola pública custa R$ 0,20 (vinte centavos)! O governo precisa rever suas prioridades, você não concorda?

Você diz em sua carta que não dá para aceitar que um brasileiro se torne adulto sem compreender um texto simples ou conseguir fazer uma conta de matemática. Concordo com você. É por isso que sua carta não deveria ser endereçada à minha pessoa. Deveria se endereçada ao Presidente da República. Ele é “o cara”. Ele tem a chave do cofre. Eu e mais milhares de pessoas só colocamos o dinheiro lá para que ele faça o que for necessário para melhorar a qualidade de vida das pessoas.

No último parágrafo da sua carta, mais uma vez, você joga a responsabilidade para cima de mim dizendo que as crianças precisam da “minha” doação, que a “minha” doação faz toda a diferença. Lamento discordar de você Didi. Com o valor da doação mínima, de R$ 15,00, eu posso comprar 12 quilos de arroz para alimentar minha família por um mês ou posso comprar pão para o café da manhã por 10 dias.

Didi, você pode até me chamar de muquirana, não me importo, mas R$ 15,00 eu não vou doar. Minha doação mensal já é muito grande. Se você não sabe, eu faço doações mensais de 27,5% de tudo o que ganho e posso te garantir que essa grana, se ficasse comigo, seria muito melhor aplicada na qualidade de vida da minha família. Você sabia que para pagar os impostos eu tenho que dizer não para quase tudo que meus filhos querem ou precisam? Meu filho de 12 anos quer praticar tênis e eu não posso pagar as aulas que são caras demais para nosso padrão de vida. Você acha isso justo? Acredito que não. Você é um homem de bom senso e saberá entender os meus motivos para não colaborar com sua campanha pela educação brasileira.

sinhasiqueOutra coisa Didi, mande uma carta para o Presidente pedindo para ele selecionar melhor os professores. Só escolher quem de fato tem vocação para o ensino. Melhorar os salários, desses profissionais, também funciona para que eles tomem gosto pela profissão e vistam, de fato, a camisa da educação. Peça para ele, também, fazer escolas de horário integral, escolas em que as crianças possam, além de ler, escrever e fazer contas, desenvolver dons artísticos, esportivos e habilidades profissionais. Dinheiro para isso tem sim! Diga para ele priorizar a educação e utilizar melhor os recursos.

Bem, você assina suas cartas com o pomposo título de Embaixador Especial do Unicef para Crianças Brasileiras e eu vou me despedindo assinando…

Eliane Sinhasique

Mantenedora Principal dos Dois Filhos que Pari

P.S.: Não me mande outra carta pedindo dinheiro. Se você mandar, serei obrigada a ser mal educada: vou rasgá-la antes de abrir.

Lentilhas com Bacon

lentilhasLentilhas eu gosto muito! E como há tempos não posso comer feijão porque passo mal, elas substituiram-no na minha alimentação. Desde que provei as lentilhas com morcela da prima lá em Torrelavega, sempre quis fazer umas tão boas quanto as dela, mas creio que me faltou muita prática e algum talento para que ficassem tão boas como as da prima.

Assim sendo, depois de cansar de fazer a mesma receita sem conseguir o mesmo resultado (ficaram comíveis, eu que sou exigente demais), resolvi ir à caça de alguma outra receita da Tierruca para fazer lentilhas saborosas. Encontrei esta que deixo hoje, que garanto é muito boa! Mas, espera um minutinho. Não sabe o que são lentilhas? Dá uma olhada ali do lado na foto.

É isto aí! Já deve, talvez, ter comido em final de ano, pois as lentilhas, por seu formato que lembra moedas, é considerada uma semente que traz fortuna, e final de ano é momento de sonhar com a fortuna que não se conseguiu entre outras coisas, e é comum comer lentilhas em fim de ano. Outra curiosidade sobre lentilhas é que a palavra lentes derivaria de lentilha. Em espanhol lentilla (lê-se lentilha) é o nome usado para designar as lentes de contato e não o legume, sendo este chamado de lentejas.

Ao que parece, este legume é originário da Ásia, sendo consumida pelo ser humano a cerca de 8 mil anos, já que foi um dos primeiros alimentos a ser cultivado ainda na Pré-História. Dos tempos pré-históricos, onde existia apenas na Ásia Central, foi espalhando-se conforme o ser humano migrava, e chegou à África e Europa.

Existem dezenas de variedades de lentilhas, com diferentes cores e tamanhos. As lentilhas, comparadas com outros legumes, é de rápido cozimento, sendo as verdes e castanhas as que após cozidas melhor mantém a forma original. Dão excelentes purês, são perfeitas para saladas e cozidos. Devido ao sabor suave são um bom acompanhamento para pratos com sabor mais acentuado que se queira manter em destaque, e se cozidas com algum outro legume ou carnes absorvem o sabor dos demais temperos e ingredientes com os quais são preparadas.

As lentilhas são altamente nutritivas, ricas em proteínas e sem gordura alguma. São ricas em vitamina B e ácido fólico, fósforo e potássio. É um alimento que auxilia na diminuição do colesterol e diminui o excesso de açúcar no sangue. Para quem tem problemas digestivos também é uma boa pedida, já que suas fibras insolúveis contribuem para um bom trânsito intestinal.

Já lhe convenci a comer lentilhas? Então vamos à receita.

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LENTILHAS COM BACON

Ingredientes:

350 g de lentilhas
100 g de bacon
1 cebola
2 dentes de alho
1 folha de louro
3 colheres (sopa) de azeite
1 colher (sopa) de vinagre de vinho branco
sal à gosto
páprica doce

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Modo de Preparo:

Deixe as lentilhas de molho por cerca de 4 horas.

Escorra-as e coloque-as em uma panela com água fria, a folha de louro e sal. Tampe a panela e cozinhe em fogo baixo até que fiquem macias. Pique a cebola em cubinhos, corte o bacon em cubinhos. Em uma frigideira, coloque o azeite e frite o alho até que fique dourado, retire e reserve. Frite o bacon até que fique também dourado. Junte a cebola e refogue até que fique ligeiramente dourada. Pegue o alho frito reservado e em um pilãozinho, desmanche-o com sal e páprica, juntando por último o vinagre para diluir a mistura. Acrescente esta mistura às lentilhas. Quando as lentilhas estiverem no ponto junte o bacon e cebola fritos, juntamente com o azeite. Deixe cozinhando mais 5 minutinhos e sirva ainda quente.

Pode acrescentar um arroz branco ou batatas cozidas para acompanhar. E como é receita espanhola, não esqueça de pão, ou pão frito se não estiver de regime.

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Para saber mais sobre lentilhas veja:

Portal São Francisco