Hoje terminamos a saga dos hórreos que começamos há dois domingos. Os outros posts foram Descobrindo os hórreos e As possíveis origens dos hórreos. No post de hoje falamos brevemente dos diferentes estilos de hórreos que se pode encontrar pela Península Ibérica, considerando apenas os principais estilos.
Há diferentes tipos de hórreos, uns tão diferentes dos outros que podem até parecer que não são a mesma coisa. Existem dois grupos principais nos quais os hórreos podem ser divididos. Vamos a eles:
Hórreos em estilo Galaico-Português:
Estes hórreos, que na Espanha são chamados apenas de hórreos galegos, são predominantemente retangulares. Os materiais empregados variam conforme a zona onde se encontram. São bem comuns na Galícia Ocidental e norte de Portugal hórreos feitos totalmente de pedra (granito), desde as colunas até as paredes – inclusive as partes fendadas para ventilação. O telhado pode variar sendo comum os de telha ou pedra (xisto, chamado em Portugal também de lousa). São principalmente utilizados para armazenagem de espigas de milho ou batatas. Estes hórreos podem estar junto às casas de seus proprietários como podem estar em locais onde há um conjunto de hórreos que servem a uma comunidade.
As partes que o constituem são a caixa, onde o produto é armazenado; a porta de acesso; as paredes fendadas, que permitem a ventilação para secagem do produto armazenado, mas estreitas o suficiente para evitar a entrada de insetos; os pilares que o sustentam elevado do solo, que variam de número conforme o comprimento do hórreo; sobre os pilares ficam pedras redondas que servem para evitar que ratos subam até o armazém (estas pedras na Espanha são chamadas de tornaratas); uma espécie de apoio onde se pode encaixar a escada ou rampa que se utilize para ligar a escada à porta; a escada e o telhado.
Há mais detalhes que podem existir em alguns hórreos como o corta-formigas, uma pequena zona onde a água acumula-se e impede a passagem de formigas. Nem todos os hórreos têm enfeites, mas é frequente ver cruzes ou símbolos associados à fertilidade adornando a parte superior das paredes mais estreitas do hórreo.
Mas esta é uma descrição básica do tipo mais comum que se pode encontrar. Na Galícia a quantidade de hórreos é grande, é onde mais existem hórreos, e também é onde há uma maior variedade de estilos (veja indicação de livro sobre o tema no final do post). Veja no vídeo abaixo a grande variedade que pode existir nos hórreos encontrados na Galícia – e por extensão no norte de Portugal.
Hórreos em estilo Asturiano:
Os hórreos em estilo asturiano não são exclusivos do Principado de Astúrias, também são encontrados na Cantábria e León. O formato é sempre quadrangular, sendo predominantemente construídos em madeira (castanheira e carvalho).
Suas partes são basicamente as mesmas dos hórreos em estilo galaico-português. Possuem de diferente uma área externa à caixa (área de armazenagem) que também é utilizada para secagem e armazenagem de produtos agrícolas, o corredor, sendo este uma introdução mais recente. Esta área está presente em muitos dos hórreos em estilo asturiano, sendo que os que não a possuem têm colunas transversais em seu lugar para sustentar o telhado que terminaria sobre esta espécie de corredor, formando uma varanda coberta. Assim como os hórreos galaico-portugueses os asturianos possuem aberturas em suas paredes para ventilação, mas estas aberturas estão mais para pequenas janelas do que fendas. Há uma orientação certa para seu posicionamento, normalmente sendo voltados para o leste ou para o sul, pois os ventos e chuvas no meses mais frios são mais intensos vindos do norte e oeste.
Dentro deste estilo também há subdivisões, podendo-se encontrar uma pequena variação de estilos entre os hórreos asturianos, mas isto não significa variação da forma que é sempre quadrada. Podem ser encontradas construções retangulares que se parecem a hórreos asturianos, mas não são. Os hórreos clássicos são sempre sustentados por quatro colunas e quadrados. Se são retangulares e sustentados por mais colunas tornam-se uma outra construção chamada de panera. Os corredores citados como parte componente de muitos hórreos asturianos aparecem em todas as paneras, havendo a afirmação que na verdade era um elemento das paneras que foi transportado para os hórreos. Outra variante que adquiriram com o tempo foi a de serem construídos sobre outras construções, ou terem a parte inferior fechada. Nestes casos podem até ser chamados de hórreos mas não são os clássicos hórreos considerados de interesse cultural e protegidos por lei.
O vídeo que se segue mostra um conjunto de hórreos em estilo asturiano, em Villaviciosa, Astúrias. Não é nenhuma obra de arte cinematográfica mas dá uma idéia excelente das dimensões e formato de um hórreo asturiano. Não esqueçam que esta construção de considerável tamanho é montável e desmontável como se fosse um quebra-cabeças.
Além dos dois estilos citados existem hórreos em Navarra que se pode considerar como de um estilo à parte. O que acontece é que estes hórreos são muito poucos, existindo apenas cerca de 22 catalogados e todos com uma certa antigüidade. No País Basco também se pode encontrar alguns raros exemplares neste mesmo estilo.
Este hórreos são construídos totalmente em pedra, excetuando algumas vigas de sustentação. Mas como os demais, possui escada separada da construção (móvel ou não), aberturas para ventilação e são elevados do solo, tendo a mesma função dos outros hórreos.
No vídeo a seguir é possível ter uma idéia destes raros hórreos navarros. O vídeo está todo em espanhol, mas ainda que seu espanhol não seja dos melhores assista pelas imagens que são suficientes para se ter uma boa idéia deste tipo de hórreo.
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Martínez Rodríguez, Ignacio – El Hórreo Gallego , Fundación Pedro Barrié de la Maza
El Hórreo Asturiano (em espanhol)
Hórreos y Paneras (em espanhol)
Veja também os dois vídeos a seguir, que são uma reportagem da televisão portuguesa RTP1 sobre hórreos, neste caso canastros, portugueses.