Queijadas de Vila Franca do Campo

Hoje a queijada é de uma vila portuguesa chamada Vila Franca do Campo, que fica na Ilha de São Miguel, nos Açores. Esta localidade foi a primeira capital desta ilha, depois da chegada dos portugueses aos Açores. Tem um considerável patrimônio arqueológico datado principalmente do século XVI, fora as belas paisagens.

Mas tem também uma queijada muito peculiar, que começou a ser fabricada pela confeitaria do Convento de Santo André, que foi erguido no século XVI praticamente no centro desta localidade. Hoje em dia, não é mais fabricada pela confeitaria do Convento, mas por duas famílias que guardam a receita original em segredo absoluto. Diga-se de passagem aqui em Portugal tem muito disto: doces que tem uma receita ou um ingrediente secreto. Tenho minhas dúvidas se são secretas estas receitas ou se é só para dar um charme ao doce.

Porém, caçando pela net, achamos uma possível receita destas Queijadas de Vila Franca do Campo, que também são chamadas de Queijadas da Vila. Se é a receita original que foi surrupiada por alguém não sei, mas fica aqui pela curiosidade de uma queijadinha tão diferente das nossas brasileiras. Mas já avisamos, esta é trabalhosa.

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QUEIJADAS DE VILA FRANCA DO CAMPO

(adaptada de Doces Regionais)

Ingredientes:

000080hbMassa:
1 e 1/2 xícara (chá) de farinha de trigo
1 ovo inteiro
1/2 colher (sopa) de banha de porco
1 colher (sopa) de manteiga
1 colher (sobremesa) de açúcar
1 pitada de sal
água morna o suficiente
Recheio:
2 litros de leite
8 gotas de coalho líquido (ou como indicar a embalagem)
6 gemas
1 clara
1 e 1/2 xícara (chá) de açúcar
1 colher (chá) de manteiga
1 colher (sopa) de farinha
Ingrediente extra:
açúcar de confeiteiro para polvilhar as queijadas

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Modo de Preparo:

Recheio:

O recheio deve começar a ser feito na véspera. Amorne o leite e junte o coalho nas proporções indicadas na embalagem. Cubra e deixe a mistura descansar. Com o auxílio de um pano, retire a massa e esprema para sair o soro. Faça isto até obter uma massa seca.

Passe esta massa para uma tigela e amasse até ficar bem fina. Junte as gemas, a clara, o açúcar, a manteiga e a farinha. Quando a mistura estiver homogênea, leve ao fogo até que ferva, no fogo baixo. Tire do fogo, deixe esfriar um pouco e passe em uam peneira fina. Guarde na geladeira.

Massa:

Misture todos os ingredientes, acrescentando um pouco de água morna até que fique em um ponto que possa ser esticada. Cubra com um pano e deixe descansar por uma meia hora. Enfarinhe uma superfície lisa e estenda a massa com um rolo. Após aberta a massa, corte círculos de cerca de 12 cm de diâmetro. Deixe estes círculos sobre a mesa por alguns minutos, descobertos. Unte forminhas de empadinha e reserve. Coloque um pouco do recheio no centro de cada círculo, puxando as beiradas do círculo da massa formando uma trouxinha. Coloque estas trouxinhas nas forminhas e leve ao forno pré-aquecido, em temperatura média, até que fiquem morenas. Deixe esfriar e desenforme. Disponha as queijadas em uma travessa e polvilhe-as com muito açúcar de confeiteiro. Após polvilhadas coloque-as em forminhas de papel.

Esta noite sonhei com o Mário Lino (Miguel de Sousa Tavares)

Hoje vamos simplesmente copiar e colar uma crônica de Miguel de Sousa Tavares, publicada no jornal Expresso, no dia 29 de junho de 2009.

É aquela coisa, imigrante não pode emitir opinião, só omitir. Pois se imigrante fala alguma coisa é mal agradecido, cospe no prato que come, é xenófobo (o povo aqui adora esta palavra), entre outras coisas. Então já que imigrante não pode falar, reproduz o que português diz sobre o próprio país. Afinal o copiar e colar ainda não foi considerado ato xenófobo. Vamos a isto, com muito “prazere”.

Para quem nunca ouviu falar do dito senhor, Miguel de Sousa Tavares é português nascido no Porto, cidade ao norte de Portugal. É um advogado que abandonou a carreira, tornando-se jornalista e também escritor. Tem livros lançados no Brasil, como Equador (que virou novela por aqui), além de já ter sido ou ser colunista de diversas revistas e jornais portugueses. Ele é filho de uma grande poetisa portuguesa, desconhecida praticamente do público brasileiro: Sophia de Mello Breyner Andresen. Ela tem um poema intitulado Manuel Bandeira (leia aqui). O filho da poetisa, o Miguel, é um crítico social digamos um tanto radical às vezes. Para quem já leu Eça de Queirós, diria que, em uma opinião pessoal, ele tenha o mesmo estilo, a mesma acidez. Nesta crônica publicada no Expresso ele nos faz uma crítica, diria que, nem é assim tão ácida, mas corajosa, visto que, há certas coisas que acontecem por terras de Cabral que os portugueses fazem questão de não ver. Pronto, já parei.

Fotomontagem humorística baseada em opinião de Mário Lino sobre a Ota.

Fotomontagem humorística baseada em opinião de Mário Lino sobre a Ota.

O outro nome citado no título do post (e da crônica) é Mário Lino. Este senhor é ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações do atual governo português. Foi um dos protagonistas de uma polêmica que já se prolonga há tempos, sobre a construção de um novo aeroporto para Lisboa, que foi resolvida porém não concluída. Defendia de forma intransigente a construção do aeroporto em uma localidade chamada Ota, que segundo sua opinião era um deserto, e acabaria por desenvolver-se com este empreendimento.

Para os críticos não é necessária a construção de um novo aeroporto visto não haver fluxo que justifique um aeroporto maior, assim como a localização também foi muito contestada pela distância de Lisboa, fazendo-se necessário não apenas construir o aeroporto em questão mas outras obras caríssimas que viabilizassem a utilização do mesmo pela população lisboeta e dos arredores. Detalhe, esta discussão sobre a construção do novo aeroporto durou cerca de meio século (não vou por em negrito para não me acusarem de xenófoba).

A crônica em si não fala apenas do tal aeroporto, mas das rodovias, ferrovias e tudo mais que há em Portugal, país abençoado com rodovias e mais rodovias… vazias, coisa que pode matar qualquer paulista de inveja. Fique com a crônica.

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ESTA NOITE SONHEI COM MÁRIO LINO

Miguel de Sousa Tavares

Segunda-feira passada, a meio da tarde, faço a A-6, em direcção a Espanha e na companhia de uma amiga estrangeira; quarta-feira de manhã, refaço o mesmo percurso, em sentido inverso, rumo a Lisboa. Tanto para lá como para cá, é uma auto-estrada luxuosa e fantasma. Em contrapartida, numa breve incursão pela estrada nacional, entre Arraiolos e Borba, vamos encontrar um trânsito cerrado, composto esmagadoramente por camiões de mercadorias espanhóis. Vinda de um país onde as auto-estradas estão sempre cheias, ela está espantada com o que vê:

Paisagem típica das rodovias portuguesas.

Paisagem típica das rodovias portuguesas.

– É sempre assim, esta auto-estrada?

– Assim, como?

– Deserta, magnífica, sem trânsito?

– É, é sempre assim.

– Todos os dias?

– Todos, menos ao domingo, que sempre tem mais gente.

– Mas, se não há trânsito, porque a fizeram?

– Porque havia dinheiro para gastar dos Fundos Europeus, e porque diziam que o desenvolvimento era isto.

– E têm mais auto-estradas destas?

– Várias e ainda temos outras em construção: só de Lisboa para o Porto, vamos ficar com três. Entre S. Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não há nenhuma: só uns quilómetros à saída de S. Paulo e outros à chegada ao Rio. Nós vamos ter três entre o Porto e Lisboa: é a aposta no automóvel, na poupança de energia, nos acordos de Quioto, etc. – respondi, rindo-me. – E, já agora, porque é que a auto-estrada está deserta e a estrada nacional está cheia de camiões?

– Porque assim não pagam portagem.

– E porque são quase todos espanhóis?

– Vêm trazer-nos comida.

– Mas vocês não têm agricultura?

– Não: a Europa paga-nos para não ter. E os nossos agricultores dizem que produzir não é rentável.

– Mas para os espanhóis é?

– Pelos vistos…

Ela ficou a pensar um pouco e voltou à carga:

– Mas porque não investem antes no comboio?

– Investimos, mas não resultou.

– Não resultou, como?

– Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a modernizar a linha Lisboa-Porto, com comboios pendulares e tudo, mas não resultou.

– Mas porquê?

– Olha, é assim: a maior parte do tempo, o comboio não ‘pendula’; e, quando ‘pendula’, enjoa de morte. Não há sinal de telemóvel nem Internet, não há restaurante, há apenas um bar infecto e, de facto, o único sinal de ‘modernidade’ foi proibirem de fumar em qualquer espaço do comboio. Por isso, as pessoas preferem ir de carro e a companhia ferroviária do Estado perde centenas de milhões todos os anos.

– E gastaram nisso uma fortuna?

– Gastámos. E a única coisa que se conseguiu foi tirar 25 minutos às três horas e meia que demorava a viagem há cinquenta anos…

– Estás a brincar comigo!

– Não, estou a falar a sério!

– E o que fizeram a esses incompetentes?

– Nada. Ou melhor, agora vão dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem o país de TGV: Porto-Lisboa, Porto-Vigo, Madrid-Lisboa… e ainda há umas ameaças de fazerem outro no Algarve e outro no Centro.

– Mas que tamanho tem Portugal, de cima a baixo?

– Do ponto mais a norte ao ponto mais a sul, 561 km.

Ela ficou a olhar para mim, sem saber se era para acreditar ou não.

– Mas, ao menos, o TGV vai directo de Lisboa ao Porto?

– Não, pára em várias estações: de cima para baixo e se a memória não me falha, pára em Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV deles para Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o prof. Vital Moreira, que é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia chamada Ota, para os compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de Lisboa; depois, pára em Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o futuro aeroporto; e, finalmente, pára em Lisboa, em duas estações.

– Como: então o TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois volta para trás e entra em Lisboa?

– Isso mesmo.

– E como entra em Lisboa?

– Por uma nova ponte que vão fazer.

– Uma ponte ferroviária?

– E rodoviária também: vai trazer mais uns vinte ou trinta mil carros todos os dias para Lisboa.

– Mas isso é o caos, Lisboa já está congestionada de carros!

– Pois é.

– E, então?

– Então, nada. São os especialistas que decidiram assim.

Ela ficou pensativa outra vez. Manifestamente, o assunto estava a fasciná-la.

– E, desculpa lá, esse TGV para Madrid vai ter passageiros? Se a auto-estrada está deserta…

– Não, não vai ter.

– Não vai? Então, vai ser uma ruína!

– Não, é preciso distinguir: para as empresas que o vão construir e para os bancos que o vão capitalizar, vai ser um negócio fantástico! A exploração é que vai ser uma ruína – aliás, já admitida pelo Governo – porque, de facto, nem os especialistas conseguem encontrar passageiros que cheguem para o justificar.

– E quem paga os prejuízos da exploração: as empresas construtoras?

– Naaaão! Quem paga são os contribuintes! Aqui a regra é essa!

– E vocês não despedem o Governo?

– Talvez, mas não serve de muito: quem assinou os acordos para o TGV com Espanha foi a oposição, quando era governo…

– Que país o vosso! Mas qual é o argumento dos governos para fazerem um TGV que já sabem que vai perder dinheiro?

– Dizem que não podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade.

– O que é isso? Ir em TGV de Lisboa a Helsínquia?

– A Helsínquia, não, porque os países escandinavos não têm TGV.

– Como? Então, os países mais evoluídos da Europa não têm TGV e vocês têm de ter?

– É, dizem que assim entramos mais depressa na modernidade.

Fizemos mais uns quilómetros de deserto rodoviário de luxo, até que ela pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás:

– E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê?

– O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do rio e a uns 50 quilómetros de Lisboa.

– Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase no centro da cidade, e fazer um novo?

– É isso mesmo. Dizem que este está saturado.

– Não me pareceu nada…

– Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a TAP vai cancelar cerca de 20.000. O que está a crescer são os voos das low-cost, que, aliás, estão a liquidar a TAP.

– Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado, que é deixar as companhias de linha no aeroporto principal e chutar as low-cost para um pequeno aeroporto de periferia? Não têm nenhum disponível?

– Temos vários. Mas os especialistas dizem que o novo aeroporto vai ser um hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da América do Sul para a Europa: um sucesso garantido.

– E tu acreditas nisso?

Barragem de Alqueva

Barragem de Alqueva, Alentejo. Fica no rio Guadiana e é a maior da Europa.

– Eu acredito em tudo e não acredito em nada. Olha ali ao fundo: sabes o que é aquilo?

– Um lago enorme! Extraordinário!

– Não: é a barragem de Alqueva, a maior da Europa.

– Ena! Deve produzir energia para meio país!

– Praticamente zero.

– A sério? Mas, ao menos, não vos faltará água para beber!

– A água não é potável: já vem contaminada de Espanha.

– Já não sei se estás a gozar comigo ou não, mas, se não serve para beber, serve para regar – ou nem isso?

– Servir, serve, mas vai demorar vinte ou mais anos até instalarem o perímetro de rega, porque, como te disse, aqui acredita-se que a agricultura não tem futuro: antes, porque não havia água; agora, porque há água a mais.

– Estás a dizer-me que fizeram a maior barragem da Europa e não serve para nada?

– Vai servir para regar campos de golfe e urbanizações turísticas, que é o que nós fazemos mais e melhor.

Apesar do sol de frente, impiedoso, ela tirou os óculos escuros e virou-se para me olhar bem de frente:

– Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são ricos?

– Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse mundo fora; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a fazer todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a ser pobres e enlouqueceremos de vez.

Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no assento. E suspirou:

– Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão agradáveis para viajar como Portugal! Olha-me só para esta auto-estrada sem ninguém!

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Mini-vocabulário básico para tupiniquins que não vivem em Portugal:

TGV – Popularmente conhecido como Trem Bala.

Autoestrada – Algo próximo a uma rodovia estadual, que tem como finalidade atender núcleos urbanos de grande densidade demográfica.

Comboio – Trem. Os pendulares são aqueles que balançam para os lados quando fazem a curva, e tem uma velocidade superior aos trens comuns. Não temos disso no Brasil.

Vital Moreira – jurista português membro do PS (Partido Socialista), partido do atual Primeiro-Ministro.

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Queria agradecer a Isis por ter enviado esta pérola literária por e mail.

O texto foi publicado no jornal Expresso.

Queijadas de Sintra

Antes de mais nada, receita portuguesa é tudo na base das gramas, não tem aquela história de “1 xícara de”, ou “1 colher de”. Sem contar que a quantidade de ovos é consideravelmente maior do que em receita brasileira equivalente, e em algumas são só as gemas, em número astronômico. Outro detalhe importante em relação às queijadinhas portuguesas especificamente é que, não levam o côco ralado tradicional e indispensável das queijadinhas brasileiras, e nem todas levam queijo. Podemos dizer (numa suposição pessoal) que o nome queijadinha deve-se mais à consistência e aparência final do doce do que pela presença de queijo na receita, visto que lembram certos queijos que há por aqui. Mas também pode ser pelo fato das versões mais antigas levarem queijo, ao contrário de versões mais recentes.

As queijadinhas mais antigas, ao que parece, seriam as de amêndoas. Estas queijadinhas de amêndoas são as que tem um aspecto mais semelhante às queijadinhas brasileiras, devido a conterem amêndoas em lâminas ou picadas em algumas versões das receitas, dando uam certa crocância. Mas há outras queijadinhas tão antigas quanto a História deste país, sendo uma delas as queijadinhas de Sintra, citadas em documentos do século XIII. Também podem ser chamadas aqui em Portugal de queijadas. Por esta razão, para diferenciá-las das queijadinhas brasileiras, que ainda apresentaremos aqui, vamos chamá-las de queijadas. Daremos algumas receitas de queijadas com denominação de origem, quer dizer, são típicas de um determinado lugar, levando o nome do lugar no próprio nome do doce. Ir a estes lugares e não provar suas queijadas chega a ser um pecado. Num geral, em qualquer lugar em Portugal pode-se encontrar queijadas, já que os portugueses parecem ser viciados nestes docinhos – e com razão, são ótimos.

Apenas por curiosidade, há queijadinhas aqui, que levam côco, que são chamadas de Queijadas Brasileiras, já que este é o ingrediente que basicamente diferencia nossas queijadinhas das portuguesas.

Para ajudar a solucionar o problema apresentado acima, o das medidas dos ingredientes das receitas, deixamos o link de um site onde se pode encontrar a equivalência de gramas por xícaras ou colheres, de alguns ingredientes mais comuns. O site chama-se TutoMania, e tem uma tabelinha bem útil de Conversão de Medidas para Receitas.

Vamos então para nossa primeira Queijada da lista, que será grande. Mas já aviso, esta eu nunca fiz pessoalmente, só provei.

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QUEIJADAS DE SINTRA (1)

(adaptada de Elvira’s Bristot)

queijadassintraIngredientes:

Massa:
350 g de farinha de trigo
1 pitada de sal
75 g de manteiga em cubos
1 ovo inteiro
1/2 xícara (chá) de água
Recheio:
500 g de queijo fresco
1 e 1/2 colheres (sopa) de farinha de trigo
1 xícara (chá) de açúcar
1 pitada de sal
raspas da casca de 1/2 limão
1 pitada de canela em pó
8 gemas
80 g de manteiga derretida

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Modo de Preparo:

Massa:

Misture a farinha com o sal e a manteiga. Amasse com a ponta dos dedos e jute o ovo e a água. Amasse até a massa ficar bem homogênea. Estenda a massa com um rolo, em uma superfície enfarinhada. Corte 12 círculos na massa. Forre com estes círculos forminhas (daquelas de empadinhas) apenas levemente molhadas com água. Não deixe a massa muito grossa nas forminhas (preste atenção na grossura da massa na foto das queijadas). Caso sobre massa, corte as sobras acima das forminhas, volte a amassar e faça mais queijadas. Reserve.

Recheio:

Desmanche o queijo com um garfo até virar uma pasta (ou bata no liquidificador). Em uma tigela funda junte o açúcar ao queijo, o sal, as raspas de limão e a canela. Junte as gemas previamente batidas e sem a pele que as envolve. Acrescente também a manteiga derretida. Misture muito bem até que fique uma mistura homogênea.

Coloque este creme do recheio na massa previamente estendida nas forminhas. Leve ao forno pré-aquecido a 190º, por cerca de 30 minutos. Assim que estiverem prontas deixe-as amornar, para só depois desenformar e colocá-las em forminhas de papel caso queira. Sirva-as mornas ou frias.

Rendimento: cerca de 12 unidades.

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(1) Sintra – Vila portuguesa, localizada no Distrito de Lisboa, com um belíssimo patrimônio histórico.

Queijadas de Sintra

Pasteis de nata e queijadas são a minha perdição…! No outro dia, tentei realizar queijadas de Sintra em casa e saíram muito bem. Os meus bolinhos ficaram mesmo parecidos com os das pastelarias.

Ingredientes para 12 unidades

Massa

– 350 g de farinha
– 1 pitada de sal fino
– 75 g de manteiga
– 1 ovo
– 1,2 dl de água

Recheio

– 4 queijinhos frescos
– 1,5 colheres (sopa) de farinha
– 160 g de açúcar
– 1 pitada de sal fino
– raspa de 1/2 limão
– 1 colher (café) de canela em pó
– 8 gemas
– 80 g de manteiga derretida

Preparação

Pré-aquecer o forno a 190ºC.

Preparar a massa : misturar a farinha com o sal e a manteiga cortada em pedacinhos. Amassar, esfregando com a ponta dos dedos. Juntar o ovo e a água. Voltar a amassar.

Estender a massa com o auxílio de um rolo na bancada ligeiramente polvilhada com farinha. Recortar 12 círculos na massa. Forrar forminhas salpicadas com água com os círculos de massa. Reservar.

Passar os queijinhos por um passador de rede fina, pressionando com os dedos. Transferir para uma tigela funda e incorporar o açúcar, o sal, a raspa de limão e a canela. Juntar as gemas e a manteiga derretida. Misturar muito bem até os ingredientes ficarem ligados.

Distribuir o creme pelas forminhas. Levar a cozer no forno – a 190ºC – por 25-30 minutos.

Deixar amornar e desenformar. Servir as queijadas levemente mornas ou frias.

http://elvirabistrot.blogspot.com/2006/08/queijadas-de-sintra.html

Lenda da Moura Cássima

A lenda de hoje é do sul de Portugal, daquelas lendas que surgem na época da Reconquista. Falamos aqui da localidade chamada Loulé, município do distrito de Faro, no Algarve. No século VIII foi conquistada pelos muçulmanos, que lá permaneceram até a Reconquista no século XIII. O nome de Loulé vem do arabe Al-‘Ulya’, pois a cidade de hoje nasceu de uma almedina (cidade) fortificada que prosperou no período muçulmano, quando pertencia ao reino de Niebla, comandado por Ibne Mafom. Em 1249, D. Afonso III, com o auxílio de D. Paio Peres Correia, conquista o Castelo de Loulé. Quem era o governador de Loulé então? Não sei. Mas algo diz a lenda sobre este homem e suas filhas.

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LENDA DA MOURA CÁSSIMA

Castelo de Loulé

Castelo de Loulé

O governador de Loulé era um homem muito sábio e conhecedor da magia. Quando os cristãos começaram a lutar para conquistar o castelo, percebeu que não seria fácil defender Loulé. Uma noite antes da derrota, secretamente abriu um dos portões da cidade, saindo com as três filhas até uma fonte próxima da vila. Alguns cristãos locais reconheceram o governador e assistiram a cena que se seguiu. Junto à fonte, o governador entoou uma prece misteriosa, enquanto suas filhas apenas soluçavam profundamente tristes. Apesar de triste, o canto do governador parecia muito doce e repleto de carinho.

Estranhamente, viram apenas o governador afastando-se da fonte numa tristeza profunda, e nenhum sinal de suas filhas.

Na noite seguinte abandonou o castelo, com toda a sua gente, indo até Quarteira para embarcar para Tanger. Ia o governador com a esperança de que, brevemente, voltariam com um grande número de reforços para reconquistar Loulé. O tempo passou e o governador não voltava a Loulé. Já estava velho, perdendo as esperanças de um dia voltar a ver suas filhas que ficaram para trás.

Um dia, chegaram a Tanger cristãos que foram feitos prisioneiros pelos mouros e seriam vendidos como escravos. Entre estes cristãos estava um carpinteiro natural de Loulé. Quando o governador tomou conhecimento da presença deste carpinteiro de Loulé, rapidamente comprou-o. Assim que ficou diante de seu proprietário, o carpinteiro reconheceu o antigo governador de Loulé, mas fez de conta que não sabia de quem se tratava.

Passado um tempo, o governador começou a pedir ao carpinteiro notícias de Loulé. O carpinteiro, continuando a fingir que não sabia de quem se tratava, começou a dar notícias da Loulé que deixara para trás, incluindo nas notícias a história que corria sobre as filhas encantadas do governador. Foi assim que o governador acabou por ser direto com o carpinteiro, dizendo que havia sido. Em troca da liberdade deste carpinteiro, teria ele que prestar um grande favor ao governador: voltar ao Algarve e resgatar as filhas encantadas que se encontravam presas em um outro mundo. Mas o carpinteiro via nisto algo impossível, afinal como chegaria ao Algarve?

O governador então chamou-lhe que o acompanhasse até seus aposentos. Quando entraram o carpinteiro viu bem no centro do quarto uma bacia cheia de água. A porta foi fechada por dentro pelo governador, e rapidamente exigiu que o carpinteiro jurasse pelo seu Deus que cumpriria tudo o que lhe mandasse fazer. O carpinteiro falando francamente jurou que sim. O governador entregou-lhe três pães. Em cada pão estava escrito o nome de uma das filhas do amo do carpinteiro. E disse o governador enquanto entregava-lhe os pães.

“Na véspera de São João, à meia-noite, chega-te á fonte onde estão minhas filhas encantadas. Lança um pão ao poço e chama o nome de uma de minhas filhas. Primeiro Zara, depois Lídia e por último Cássima. Após lançar os três pães e chamá-las volta para tua casa.”

Esta parte era até bem simples, mas o carpinteiro ainda se debatia em como chegaria ao Algarve. O governador apontou a bacia no meio do quarto, dizendo ao carpinteiro que se colocasse de costas em um lado da bacia, e desse um salto para trás. Se conseguisse dar um pulo só, estaria no mesmo instante na vila mas, se errasse o salto morreria afogado.

O carpinteiro preparou-se para o salto. Segurando firmemente a caixa onde estavam guardados os três pães, prepara-se e salta! No mesmo instante ve-se transportado pelos ares e encontra-se diante de sua casa em Loulé. Corre até ela e abraça mulher e filho, que não acreditam no seu retorno e saem contando a novidade aos conhecidos. Enquanto mulher e filho espalhavam a boa nova, corre ao sótão de sua casa e esconde a caixa com os três pães, mesmo a tempo de voltar e abraçar os amigos que começavam a chegar para festejar seu retorno. Inventa uma história qualquer sobre como voltou a Loulé, já que se contasse a verdade ninguém acreditaria.

Passam-se os dias, a mulher do carpinteiro estava muito feliz com sua volta, mas notava que algo não estava claro nesta história pois o marido andava muito misterioso. Lembra-se, então, da caixa que ele trazia quando chegou e começa a procurá-la pela casa. Acabou por encontrar a caixa com os três pães, e começa a sondar o marido para saber do que se trata. Como ele não dizia do que se tratava e apenas que ela não lhes tocasse, resolveu a mulher descobrir sozinha o que havia de estranho com aqueles pães. Vai ao sótão com uma faca e abre um dos pães, crendo que descobriria algo dentro dele. Ao invés de descobrir alguma coisa escondida dentro do pão, no mesmo instante em que o corta ao meio, ouve um grito desesperado de mulher e muito sangue começa a sair do pão. Muito assustada volta a guardar o pão partido na caixa junto aos outros e não diz nada a ninguém.

Na véspera de São João, o carpinteiro enfim vai cumprir sua promessa ao velho governador mouro de Loulé. Sem se importar com toda a festa que o rodeava, segue em silêncio e escondido para a fonte, com a caixa na qual estavam guardados os pães. Lança para dentro da fonte o primeiro pão e chama por Zara. Em seguida uma imagem feminina sai de dentro da fonte e esfuma-se no ar. Depois lança o segundo pão e chama por Lídia, e acontece a mesma coisa. Mas no terceiro pão, sem perceber que estava partido, lança-o e chama por Cássima. Ao invés de uma imagem feminina surgir da fonte e esfumar-se no ar, o que acontece é que o carpinteiro ouve um gemido de mulher, rouco, sofrido. Vê que alguém começa a subir até a boca da fonte. Era Cássima, que não conseguia sair. Por causa da curiosidade da mulher do carpinteiro, explica ela, não poderia mais, nunca mais, sair daquela fonte. O carpinteiro que não sabia de nada, nem vira o pão partido, ficou sem entender bem o que aconteceu. Cássima explica-lhe o que tinha feito sua mulher. Cássima diz que, apesar do acontecido, não queria mal à mulher do carpinteiro, e entrega-lhe um cinto todo bordado a ouro para que desse de presente à esposa. O carpinteiro sem saber o que fazer apanha o cinto, e ve a moura sumir para dentro da fonte.

mulherislamicaRumando para casa, ainda embaraçado com o ocorrido, pára pelo caminho e coloca o cinto bordado ao redor de um carvalho para observá-lo melhor. Para sua surpresa, o carvalho, imenso e frondoso, cai num instante ao chão, cortado pelo cinto mágico dado por Cássima. Foi então que o carpinteiro percebeu as reais intenções de Cássima ao dar-lhe o cinto para levar à mulher: queria que lhe acontecesse o mesmo que lhe acontecera, quando a mulher cortara o pão ao meio.

Corre para casa e conta toda a história à mulher, que acaba por lhe confessar o que fizera ao pão. Não conseguem dormir, na espera de que a moura Cássima aparecesse para vingar-se. Mas ela não apareceu, nem nesta noite, nem nunca. Pois ficou presa à fonte para sempre. Dizem que em véspera de São João, por vezes, Cássima consegue chegar até a boca da fonte, e mostrar sua beleza aos corajosos que se aproximam.

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Adaptado de:

Marques, Gentil – Lendas de Portugal: Lendas de Mouras e Mouros – volume 8, 2006.

Festa de São João

saojoaoApesar de no Brasil a Festa Junina, em algumas regiões, também ser chamada de Festa de São João ou simplesmente São João, esta festa da qual falamos hoje não é festa brasileira. É mais uma festa portuguesa em comemoração aos Santos Populares deste mês de junho. A origem do próprio nome das festas no Brasil, Festa Junina, tem a ver com o São João, já que, à princípio, eram chamadas de Festas Joaninas. Como diz o nome, é em honra a São João Batista, comemorado na virada de 23 para 24 de junho.

Tudo começou quando há muito tempo atrás a noite de 23 para 24 de junho era o solstício do verão aqui no hemisfério norte. Hoje o solstício é na noite de 21 para 22 de junho, pois houve mudança de calendário. Na época dos romanos eram festas com danças ao redor de uma fogueira, onde eram queimadas ervas aromáticas, e no final, tomava-se banhos matinais nas águas do rio. Mas com o tempo a Igreja Cristã, praticando o já velho conhecido sincretismo religioso, cristianizou a festa pagã, tornando-a a festa do Santo do dia, São João Batista, cujo nascimento é comemorado em 24 de junho. São João até hoje é dos santos mais festejados, não apenas aqui em Portugal, na Espanha os festejos também são grandiosos.

São João Batista, era o primo de Jesus, o mesmo que o batizou no rio Jordão. É o santo protetor dos casados e dos doentes, além de patrono dos monges. O curioso é que o sincretismo religioso introduziu São João em uma festa pagã muito alegre, porém, o santo foi uma pessoa reservada, de vida simples, com nada em comum ao exagero dos festejos que hoje são próprios do seu dia.

A maior de todas as festas feitas a São João é realizada na cidade do Porto, também sendo chamada de São João Tripeiro. Mas em outros lugares de todo Portugal também se comemora o São João. Seja onde for a festa, dura por toda a noite de 23 para 24 de junho, sendo que no dia seguinte é feriado nas cidades onde ele é padroeiro (e no Porto passou a ser feriado pela grandiosidade da festa), o que ajuda que a festa dure o dia seguinte inteiro também. Toda a cidade é inundada por uma multidão que vai para as ruas. Andam as pessoas com alho-poró nas mãos (as flores), com manjericões, com martelinhos de plástico (já falo deles mais adiante), comem sardinha assada (chamada aqui de sardinhada), bebem um caldo verde (sopa típica da terrinha), soltam balões de papel… fora os fogos de artifício que não podem faltar nas festas de São João, à meia noite certinha.

Barraquinhas com as flores e ervas da festa.

Barraquinhas com as flores e ervas da festa.

Falei que as pessoas saem às ruas com flores de alho-poró. Pois é, esta e outras flores e ervas são consagradas ao Santo, e existem vendedores pelas cidades. Também pode-se encontrar à venda manjericão, cravo e erva-cidreira. Ou seja, é uma noite quente e perfumada. As flores de alho-poró servem para dar boa sorte, os manjericões simbolizam o amor, sendo sempre vendidas acompanhadas com trechos de poemas. As flores dos cravos jogadas por moças casadoiras para a rua, se apanhadas por algum rapaz, casam-se logo, não necessariamente com o rapaz que pegue o cravo.

Aqui em Lisboa existem os arraiais populares nos festejos de Santo Antônio. No porto também há os bailaricos de bairro. Neles pode-se dançar, comer, beber, tudo acompanhado do calor de uma fogueira.

As fogueiras são dos tempos da festa pagã antecessora do São João. Eram o símbolo da chegada do verão. Pode-se tentar saltar a fogueira, os mais corajosos. Dizem mesmo que, quem salta a fogueira em noite de São João, no mínimo três vezes (tem sempre que ser em número ímpar de saltos), fica protegido de todos os males o ano inteiro. Acrescente-se a isto que também há a crença de que as cinzas da fogueira de São João curam algumas doenças de pele. Há lugares que, também pode-se tentar caminhar nas brasas da fogueira, descalço. Dizem que se fizer esta caminhada rapidamente nem se sente o calor das brasas. Não arrisco.

Cascata de São João

Cascata São Joanina

Aqui em Lisboa há os Tronos do Santo, nas festas de Santo Antônio, e no Porto há as Cascatas São Joaninas, que nada mais são do que, também, altares com imagens do Santo e seu cordeirinho, com outros símbolos mais que representam a festa. Há uma disputa entre os bairros da cidade do Porto, e algumas freguesias, para ver qual consegue elaborar a Cascata mais bela. Porém, as Cascatas tem uma dimensão bem superior aos Tronos lisboetas, sendo verdadeiras mini-cidades – lembrando um presépio – em honra aos santos populares. Dizendo de outra forma, enquanto o presépio é uma espécie de altar erguido no solstício de inverno (Natal), a cascata é uma espécie de altar erguido no solstício de verão. Nela, além da imagem do São João bem no centro, tem que ter água (símbolo da purificação), coreto, entre outros elementos tradicionais indispensáveis.

Dizem que, no Porto, é tradição que a festa tenha seu ponto alto num banho de mar na foz do rio Douro, que corta a cidade do Porto, desaguando no Atlântico ali mesmo. É que, segundo reza a tradição, os banhos tomados na manhã de São João (antes do sol nascer) seriam bons para algumas doenças. Na época antes da cristianização da festa, os banhos eram uma forma de purificação. Ainda de madrugada pode-se praticar uma outra tradição chamada Orvalhada. É o seguinte, as mulheres que quisessem ter filhos, tinham como santo remédio, rolar no mato orvalhado dos campos. Esta tradição da orvalhada, ainda é dos tempos pagãos, quando acreditava-se que o orvalho era o suor dos deuses da fertilidade. No entanto, não vi em lugar algum, qualquer referência se este rolar no mato deveria ser só ou acompanhada.

Quanto às comidas, além da sardinhada, também há um cabrito assado com batatas, arroz de forno, caldeiradas de peixe (no litoral), bonequinhos com o formato do santo (no Algarve), um bolo chamado Capelas de São João (no Alentejo), fora o chamado Bolo de São João, uma antiga tradição do Porto, que foi esquecida por muitas décadas, mas recentemente resgatada.

Brincadeira dos Martelinhos.

Brincadeira dos Martelinhos.

Entre as várias tradições populares existe uma um pouco, digamos, exótica, estranha, engraçada. As pessoas saem às ruas com martelinhos de plástico, de brinquedo, daqueles que fazem barulho, e tascam o dito nas cabeças todas que encontram pela frente. Até passou por estes dias na televisão, um gajo com um capacete para proteger a cabeça das marteladas animadas que o povo dava nas ruas. Segundo os nativos lá do Porto, não tem nada de agressiva a Brincadeira ou Festa dos Martelinhos, dizem que é amistosa… Estes martelinhos seriam uma versão moderna das flores de alho-poró, sendo estas últimas as que eram usadas, em outros tempos, para bater levemente na cabeça das pessoas para dar sorte. Quer dizer, se uma pessoa vai ao Porto na Festa de São João tem que torcer para levar muitas marteladas na cabeça para ter sorte.

Outra tradição popular, que sinceramente não sei se ainda existe, era fazer previsões nesta noite. Isto mesmo, tudo previa-se na noite de São João, desde casamentos até o sucesso ou não das colheitas. Dizem, por exemplo, que pegava-se uma tábua, colocava-se 12 montinhos de sal (cada um representando um mês do ano), e passava-se esta tábua na fumaça da fogueira. Deixava-se assim durante toda a noite, e depois ainda tomava o orvalho da manhã. Mas ainda antes do nascer do sol, corriam verificar os resultados estampados na tábua. Os montinhos de sal mais úmidos, representariam meses mais chuvosos. Mas independente de ainda existir ou não a tabuazinha com montinhos de sal, a festa continua sim sendo das previsões: sobre o amor, sobre a saúde, sobre a felicidade…

Soltando um balãozinho.

Soltando um balãozinho.

Os nossos velhos conhecidos balões também tem raízes na antiga festa pagã. Os balões eram um símbolo do antigo culto ao Sol. Ainda hoje, aqui em Portugal pelo menos, soltam-se os balões em homenagem ao Santo. Também com relação ao antigo culto do Sol, eram erguidos nas ruas da cidade do Porto, arcos pelas ruas, enfeitados, e terminados em um triângulo, que era o símbolo do Sol nas religiões antigas.

Mas, para terminar, há algo além nesta história toda sobre São João. Dizem que, na verdade, o São João do Porto não é bem o São João Batista mas sim um eremita, natural do Porto, que teria vivido pelo século IX. Este outro São João, teria vivido na Galícia, na localidade chamada Tuy. Ao morrer foi enterrado nesta mesma localidade, onde os moradores consideravam-no um protetor que os livraria das febres. No século XII, a Rainha Mafalda (a Rainha Santa), teria trazido para Portugal algumas relíquias deste São João, e depois a cabeça teria sido levada para uma capela da Santa Cabeça, situada em uma igreja da cidade do Porto. Por um acaso este São João também teria como data de nascimento o dia 24 de junho, sendo as festas dos dois “São Joãos” no mesmo dia. Porém, a falta de dados sobre este possível outro São João me fazem não ter muita confiança na existência deste santo.

Dizem que a grande tradição da Festa de São João no Porto seria por causa deste São João do Porto e não do São João Batista. Mas pelo que andei perguntando por aí, nem os nativos da terra sabem muito bem se isto é verdade ou lenda! Fica aqui a curiosidade, sobre a festa e sobre os “São Joãos”.

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Fontes:

Pessoas com mais de 65 anos da vizinhança.

Camara Municipal do Porto

Galeria de fotos do São João do Porto – Notícias Sapo (quase todas as fotos deste post foram encontradas neste link)

Pititi

O Último Condenado à Morte

condenadoposterJá há duas semanas falamos de filmes antigos portugueses. Hoje não, será um filme recentíssimo. O Último Condenado a Morte, filme lançado este ano nos cinemas portugueses.

Na primeira metade do século XIX Portugal passava por profundas transformações. A família real estava refugiada no Brasil, Portugal sofria com os ataques das tropas napoleônicas, levando o país a passar por grandes problemas. Logo após a volta da família real, começa uma disputa entre os irmãos D. Miguel e D. Pedro pelo trono. A guerra civil entre absolutistas (miguelistas) e liberais faz o país mergulhar em mais problemas ainda.

E é neste momento histórico conturbado que se desenrola a trama deste filme de Francisco Manso, com roteiro de António Torrado. Francisco Manso gosta da temática histórica, tendo produzido um filme chamado A Ilha dos Escravos (sobre a escravidão) e com outro prestes a lançar chamado Assalto ao Santa Maria (que tratará dos regimes ditatoriais em Portugal e Espanha).

Voltando ao filme O Último Condenado à Morte, Francisco Mattos Lobo (Ivo Canelas) pertence a uma família miguelista (conservadora), e que sofre as conseqüências da derrota na guerra civil. Além dos problemas gerados pela guerra, vivia em conflito com o pai. Este rapaz, natural de Amieira do Tejo, Portalegre, deveria tornar-se padre, mas desiste do seminário por não ter vocação.

Extremamente romântico, vive uma paixão por Adelaide (Maria João Bastos), mulher bela e de comportamento liberal demais para os costumes da época. Adelaide era uma francesa casada com um tio seu, portanto sua tia, que volta a Portugal após enviuvar. É por seu assassinato e de deus dois filhos, mais a criada, que acaba condenado à forca em 16 de abril de 1842.

ocondenado00Esta história é baseada em fatos reais, pois Mattos Lobo foi mesmo um dos últimos condenados a morte em Portugal, no ano de 1842. A história em linhas gerais de Mattos Lobo acaba por nos lembrar da história de Manuel da Mota Coqueiro, que ficou conhecido como a “Fera de Macabu“, o último homem branco condenado a morte no Brasil, em 1852. Portugal foi o terceiro país no mundo a abolir a pena de morte, em 1867, 20 anos após a morte de Mattos Lobo. Este crime e sua conseqüente sentença, além das dúvidas que pairam até hoje sobre a culpa ou inocência de Mattos Lobo, influenciou a opinião pública na época sobre a questão da pena de morte.

Além de Ivo Canelas e Maria João Bastos, fazem parte do elenco Nicolau Breyner, Albano Jerónimo, João Lagarto, Ângelo Torres e João Cabral. Os habitantes da vila de Castelo de Vide, onde foi rodado o filme, fizeram a figuração. Apesar da história ter se passado na Lisboa do século XIX a vila de Castelo de Vide foi o local onde esta Lisboa foi recriada para a realização do filme. E foi nesta vila que o filme teve sua pré-estréia. O filme foi uma co-produção entre Portugal, Brasil e Suécia, contando também com o apoio da RTP e do Instituto do Cinema e Audiovisual.

Fique com o trailer de um filme português realmente interessante.

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Fonte:

Destak

Filmes Portugueses

Português fazendo piada com o Brasil (e os brasileiros)

Já que nós brasileiros temos a sagrada e imortal tradição de fazer piadas de português, vamos ver agora como os portugueses fazem piada com a nossa cara. Atenção, são todas ótimas!!!

Primeiro, vamos ver um vídeo do programa Contra Informação, que passa na RTP1, mostrando o Lula da Selva, logo depois daquela história de que o “Tio Lula” seria cachaceiro.

Este vídeo é do programa Gato Fedorento, que passava na RTP1. É uma tiração de sarro bem feita com o Scolari, quando ele ainda era técnico da seleção portuguesa, e depois dele praticar boxe em pleno jogo da seleção portuguesa.

Este vídeo também tem como personagem principal nosso querido Felipão, mas este é um quadro do programa Contra Informação, onde José Meirinho (José Mourinho) tem uma conversa com Luis Felipe Chocolari. O melhor técnico português e o melhor brasileiro trocando algumas impressões.

Nossas novelas também dão excelentes piadas cá na Tugalândia. Este vídeo que se segue é simplesmente hilário! Os sotaques trocados, e as reviravoltas da “novela” são muito boas. É outro trecho do programa Gato Fedorento, com participação especial de Maitê Proença. Os nomes dados aos personagens é outro motivo à parte para dar boas risadas.

Este já não é tiração de sarro da cara de brasileiro. É mais uma gozação com os próprios portugueses. Mas como a música usada é um clássico brasileiro, incluimos neste post. É outro quadro do programa Contra Informação. Neste vídeo vemos alguns políticos portugueses (incluindo o presidente e o primeiro-ministro) cantando o “novo hino português”.

Este vídeo não é de nenhum programa humorístico, mas sim do jornal nacional que passa na SIC. É uma reportagem falando do carnaval político no Brasil, em 2006. Ou seja, português pra rir da nossa cara nem precisa se dar ao trabalho de pensar muito, nós já fazemos o serviço por eles.