Há mais de 100 anos tenta-se descobrir se Capitu traiu Bentinho ou não. E como Machado de Assis já morreu não temos como perguntar a ele.
O jeito é você ler o livro e tirar suas próprias conclusões, se é que você chegará a alguma conclusão. Como é um livro de muita idade já é de domínio público e você pode baixar da internet sem cometer crime. Aqui está o link para o livro.
Algumas informações sobre o livro e o autor são importantes para você se localizar, caso não conheça. Machado de Assis é um dos maiores nomes, se não o maior, da literatura brasileira, nasceu no Rio de Janeiro em 1839 e morreu também no Rio em 1908. Era filho de um pintor de paredes negro e uma lavadeira açoriana. Não frequentou a escola regular. Ao que consta tinha problemas de saúde como epilepsia e gagueira. Perdeu os pais ainda criança. Vivendo com a madrasta foi vender doces em uma escola, e é então que tem contato com professores e alunos, e provavelmente começa a ter alguma instrução regular. Aprendeu francês e inglês e traduziu ainda jovem um romance de Vitor Hugo para o português, Os Trabalhadores do Mar, e o poema de Edgar Allan Poe, O Corvo.
Quanto a obras próprias, a primeira de Machado de Assis foi “Ela”, quando ele tinha apenas 15 anos, e trabalhava em uma tipografia. Então não pára mais, colaborando com jornais e revistas como contista, cronista, poeta ou crítico literário. Em 1864 publica seu primeiro livro, Crisálidas, e 5 anos depois casa-se com uma portuguesa chamada Carolina Augusta Xavier de Novais, irmã do poeta Faustino Xavier de Novais, com quem viveu durante 35 anos. Em 1873 ingressa na carreira pública na qual ficará até aposentar-se como diretor do Ministério da Viação e Obras Públicas. Foi o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, e na época da fundação da academia era considerado o maior nome vivo da literatura brasileira.
Foi um contista, cronista, poeta, romancista, teatrólogo, jornalista que escreveu vários romances, centenas de contos, crônicas e poemas. Entre os seus romances encontra-se o já citado da história de Capitu. O nome do livro é Dom Casmurro, foi publicado em 1899, e é o livro da literatura brasileira traduzido para o maior número de idiomas. Dom Casmurro é um dos personagens centrais da trama, Bentinho, que além de personagem é o narrador da história. O livro conta a trajetória do amor entre Bentinho e Capitu, mas sempre dando a visão apenas de Bentinho, por esta razão, nunca sabemos o que aconteceu realmente, apenas o que Bentinho acreditava que se passava. É ambientado no Rio de Janeiro do Segundo Império, e mostra toda uma realidade social da época. Porém, independente disso, o que prende a atenção do leitor e o faz inclusive reler o livro, são as dúvidas de Bentinho sobre uma possível traição de Capitu.
Esta suposta traição, que continuamos sem saber se existiu ou não, inspirou estudos, filmes e séries. E a última obra televisiva inspirada na misteriosa e fascinante Capitu de Machado de Assis, é uma micro-série chamada Capitu. Em comemoração aos 100 anos da morte de Machado de Assis, muito se fez relembrando a vida e obra deste grande escritor. A micro-série Capitu foi uma destas realizações.
Além de nos relembrar da já velha e imortal história de Bentinho e Capitu, a micro-série tem todo um jeito de ser diferente das produções que normalmente vemos na televisão. Uma mistura de teatro, circo e musical, com uma trilha sonora peculiar, e alguns atores desconhecidos da televisão, mais uma vez é recontada a história da suposta traição. Recontada em uma adaptação, não sendo fiel ao livro, mas sendo fiel à dúvida eterna sobre a traição. A série foi dirigida por Luiz Fernando de Carvalho, contando no elenco com nomes como Eliane Giardini (Dona Glória, mãe de Bentinho), César Cadadeiro (Bentinho jovem), Pierre Baitelli (Escobar jovem e Ezequiel adulto), Letícia Persiles (Capitu jovem), Michel Melamed (Bentinho adulto), Maria Fernanda Cândido (Capitu adulta), entre outros. A série que se desenrola em apenas 5 capítulos, reconta de forma peculiar a clássica história. Foi ao ar entre 9 e 13 de dezembro de 2008.
É, em uma opinião muito pessoal, mais interessante pela forma como a história é contada do que pela história em si (desculpe Machado). A originalidade das formas, cores e musicalidade da série fazem com que ela valha a pena independente de ser a releitura de uma obra machadiana. Assista ao menos para estimular seus sentidos visual e auditivo.
Fique com o vídeo feito com imagens da série ao som de Elephant Gun, do grupo Beirut.