Dia dos Namorados

Aqui em Portugal, na Espanha, e em outros países, ao contrário do Brasil, o dia dos namorados é comemorado em 14 de fevereiro (dia de São Valentim). Eu só fui descobrir que este santo existia depois de chegar por estas paragens. Até então, santo casamenteiro era Santo Antônio, e dia dos namorados era 12 de junho, véspera de Santo Antônio.

Mas eu queria entender que santo era este que substituía o meu bom Santo Antônio na comemoração do dia dos namorados. Por que? Lá fomos atrás de saber então as razões do dia dos namorados ser no dia de São Valentim.

São Valentim, ao que consta, existiram três. E os três São Valentins foram mártires dos tempos do Império Romano. Em certa época (em fins do século III d.C.), o imperador Cláudio II, proibiu os casamentos para que os jovens, ao invés de casarem-se, alistassem-se. Um bispo romano, Valentim, teria continuado a realizar casamentos apesar de estarem proibidos, até ser descoberto e preso. Enquanto aguardava o seu destino, recebeu inúmeras manifestações de jovens que, demonstravam com isto, ainda acreditarem no amor, inclusive uma jovem cega. Esta jovem, Asterias, teria não apenas feito sua demonstração de que ainda acreditava no amor, como, por ser filha do carcereiro, conseguiu encontrar-se com Valentim. Ao conhecerem-se, apaixonaram-se e a jovem milagrosamente recuperou a visão. Este Valentim teria sido decapitado em 14 de fevereiro de 270, passando a ser, posteriormente, o dia de São Valentim, que a tantos ajudou a concretizar o amor através do matrimônio.

Há um poeta britânico, John Gower, do século XIV, que cita São Valentim em um livro seu chamado Confessio Amantis, sendo provavelmente a referência literária mais antiga sobre a existência deste santo.

No entanto, antes mesmo da existência de um santo casamenteiro decapitado no dia 14 de fevereiro, já havia uma ligação deste dia com o amor, seja ele puramente sensual ou… não.

Na Roma Antiga, antes do cristianismo tornar-se a religião oficial do Império, existiu todo um panteão de deuses, cada um relacionado a uma força da natureza, um aspecto da vida, um sentimento… E o amor era relacionado a Vênus, também chamada de Afrodite, pelos gregos. Vênus, ou Afrodite, era a Deusa do Amor e da Beleza, e um de seus símbolos era a pomba (até hoje temos como símbolo de um casal apaixonado, um casal de pombos). Ainda na Grécia Antiga, eram realizadas festas, chamadas Afrodisias ou Afrodisíacas, onde o amor livre era praticado em comemoração e honra à deusa. Em Roma, Vênus seguiu sendo honrada com o Festival do Amor, que era comemorado entre 14 e 21 de fevereiro.

Justamente entre 14 e 15 de fevereiro havia uma comemoração a outra deusa, Juno (conhecida como Hera, na mitologia grega). Juno seria uma espécie de representação máxima da esposa, da mãe, sendo a Deusa do Casamento e da Maternidade. A comemoração em honra à deusa era chamada de Lupércia ou Lupercália (ela também era conhecida pelo nome de Lupa), onde as mulheres pediam por filhos. Quer dizer, enquanto algumas já casadas, provavelmente, pediam a Juno por filhos (essencial para a saúde de um matrimônio de então), outras, pediam a Vênus por amor (ou maridos). E tudo isto em princípios da primavera, pois nesta época, era fevereiro o mês em que começava a primavera. Primavera era um período de purificação, do qual saía-se das trevas do inverno e despertava-se novamente para a vida.

Considerando a existência destas festas relacionadas ao amor e/ou matrimônio, e o velho hábito de praticar o sincretismo da igreja cristã, ao que parece, o cristianismo primitivo, substituiu estas deusas das festividades pagãs pelo santo mártir, ficando assim São Valentim relacionado ao amor. Tanto ficou, que até hoje, dia de São Valentim é dia dos namorados, ao menos por estes lados.